Mostrar ao Governo que podem ser tomadas medidas para combater o desemprego foi um dos intuitos da “Marcha pelo Emprego”, que percorreu várias localidades de Famalicão e Guimarães. Aliás, o Vale do Ave é uma das regiões onde se registam mais desempregados, nomeadamente da indústria têxtil. O BE esteve em contacto com trabalhadores e ex-trabalhadores da têxtil.
O trabalho precário, o desemprego, a “imposição de trabalho extraordinário sem remuneração, foram alguns pontos lembrados pelo dirigente do Bloco de Esquerda de Joane, Manuel Cunha à chegada da “Marcha pelo Emprego” à vila.
Depois de percorridos 15 quilómetros, desde Pevidém até Joane, passando por Gondar, Pedome, Oliveira de Santa Maria e Mogege, a “Marcha pelo Emprego” chegou à vila joanense cerca das 17h30, com cerca de 120 pessoas.
“Assistimos ao empurrar dos trabalhadores com 50 anos para o desemprego”, adiantou Manuel Cunha lembrando ainda a deslocalização de empresas para os países de leste. E continuou: “As grandes fortunas contrastam com a miséria”.
Manuel Cunha lembrou ainda os jovens licenciados, e apontou que a “Marcha pelo Emprego” é um passo no sentido de melhorar as condições dos trabalhadores.
Francisco Louçã defendeu a redução do horário de trabalho e alegou que há cerca de 100 anos que existem lutas nesse sentido e não houve redução da produção.
O líder bloquista respondia a críticas veiculadas num artigo de opinião de um semanário nacional, argumentando que a redução do horário de trabalho não afectou a produção porque se soube dar resposta. Por isso, alegou os novos métodos e as novas tecnologias.
Francisco Louçã preconizou a redução da carga horária para as 36 horas, com possibilidade de distribuição por quatro dias. Pois, considera que a redução das horas de trabalho permitirá uma melhor distribuição do emprego.
“Não vamos andar a dizer que é fácil criar novos empregos, mas é necessário acabar com a existência de 550 mil pessoas que não conseguem trabalhar”, adiantou o líder do BE.
A título de exemplo, Louçã apontou o caso de França onde a redução do horário de trabalho, onde apesar de não ter conseguido o “emprego pleno”, criou muitos postos de trabalho.
Abordando concretamente o Vale do Ave, Francisco Louçã apontou que um dos intuitos da “Marcha pelo Emprego” é contactar com as pessoas e conhecer mais de perto os seus problemas.
“As pessoas vêm ter connosco contar-nos os seus problemas e encontramos muitos desempregados têxteis. Mas é isso que nós queremos, que as pessoas venham ter connosco e nos falem dos seus problemas”, explicou. A “Marcha pelo Emprego” pretende ser um “desafio poderoso lançado contra o Governo e as políticas económicas do último ano” e vai percorrer 300 quilómetros em 17 dias. A iniciativa começou em Braga no passado dia 1 e termina em Lisboa no dia 17.